sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ventania


Um dia quero ser poeta para poder traduzir as palavras de uma ventania. O que diz ao bater incansavelmente na janela de meu quarto, no meio de tal escuridão sem fim, até adormecer.
  Seu som suave ao fazer folhas e folhas de coqueiros se debaterem, no final de uma tarde qualquer, como se fossem finais de versos daquela sua poesia preferida, ainda não compreendida.
  Talvez o rancor de uma ventania seja o movimento provocado por tal na imensidão azul formando várias e fortes espumas brancas raivosas, sendo em cima ou em baixo, não importa.
  Ela se vai. Ela se deixa ir, permitindo sua própria liberdade. Retornando apenas quando necessário. E entre suas indas e vindas o que nos resta é apenas sermos aprendiz de uma santa sabedoria.
  No entanto, fico por aqui sendo um aprendiz, mas prometo que quando poeta for não me esquecerei de traduzir para vocês a sabedoria de uma velha e santa ventania, pois poeta, eu serei.


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