Esses dias eu estava olhando minha vida passar pela janela
do meu quarto,
Eu gostei de vê-la.
Apreciei os momentos bem. Soube aproveitar, até aqui.
Aqui onde dizem para mim: “Sua vida nem começou ainda!”
Não os culpo. Afinal, eles não sabem de mim.
Estou em outro planeta e um ser estranho veio ao meu
encontro e sentou ao meu lado,
Fiquei parada, mas não com medo. Apesar de que, do planeta
que eu vim, tenho medo de tudo. T-u-d-o.
Ele disse que me conhecia, que eu era a menininha. Começou a
falar ao me respeito, e era verdade. Ele me conhecia bem.
Fomos juntos para a lua. Sentamos na beiradinha dela, eu
fiquei balançando os pesinhos em um vai e vem constante, com a mão apoiada em
meu rosto. Olhando as estrelas absurdamente incríveis e lindas.
O ser com suas anteninhas piscando ao meu lado disse: “Você
conhece aqui. Sei que já vieram várias vezes aqui, não desse modo. Mas vieram.”
E eu o compreendi, fiz um sinal positivo com a cabeça. Não queria falar nada.
“A sua dor, é daqui também – E é aqui que ela ficará quando
voltar ao seu planeta.”
(Não! Eu sei que ela vai me acompanhar, pensei quase instantaneamente)
“Não fique assim minha menininha”
Sorri um sorriso triste. Posso ficar aqui para sempre?
“Não” – Ele sabe até dos meus pensamentos.
Eu não entendo. – as palavras saíram quase como um sussurro.
“Você não tem que entender, não tem que ficar tentando entender
menininha!”
Eu não tenho que entender? Não era para as coisas serem
assim. Mas aconteceram, e com nós. E de quem é a culpa? Minha? Eu queria poder
voltar no tempo e ficar olhando o que aconteceu de olhos bem abertos! Eu quero
mil explicações e das poucas que recebo nenhuma me parece lógica, e todo dia eu
me pergunto: POR QUÊ? –
Explodi.
De repente estava girando, girando, girando e quando ia
vomitar, cai.
Estava em casa, na sala. Pensei: voltei. Logo gritei para a
minha mãe, mas não houve respostas. Comecei a ouvir um barulho, e esse barulho
estava aumentando cada vez mais. Eram conversas, risadas, choros, tudo ao mesmo
tempo! Comecei a correr loucamente e quando cheguei ao meu quarto, vi o que
estava acontecendo.
O ser verde com anteninhas piscando estava sentado na minha
cama, e o barulho aumentando. Gritei com as mãos tampando os ouvidos: QUE
BARULHO É ESSE? PARA COM ISSO!!!
“Ouça menininha. Pegue as fotos. Veja sua vida.”
Então, parei e reparei. Todas as imagens contidas em todas
as fotos do meu quarto estavam em movimento. Acontecendo o exato momento em que
foram fotografadas. Além dos movimentos, é claro, as vozes.
Tentei pegar uma por uma, mas parecia que algo estava
entrando no meu peito e me causando uma dor inimaginável, que mesmo sendo
psicológica, conseguiu se tornar física.
Fechando meus olhos, comecei a chorar loucamente e senti meu
corpo diminuir. De repente, quando voltei a abri-los, estava de volta na lua.
“Vou tornar a fazer isto quando souber que estaria pronta
para sorrir se acontecesse de novo.”
Chorava agarrando as minhas pernas.
“Você não esta sozinha, eu vou te proteger menininha.” – as anteninhas
sempre piscando.
Será que o problema da minha vida é o amor? O qual sempre
louvei?
“O amor não é perfeito, mas de forma alguma é um problema.
Nunca será”
Eu tenho mil perguntas. Eu estou perdida! O que eu faço
agora? O que eu tenho que fazer? O que é o certo a fazer? Estou com tanto medo,
e sozinha, desprotegida. Eu estou perdida, ME AJUDA, ME AJUDA! Eu não tenho ninguém para me ajudar, eu não
sou mais ninguém!!! Me ajuda! – Não percebi, mas estava gritando de olhos
fechados com as mãos no cabelo. Parecendo uma louca, mas estava mesmo.
Então, abri os olhos devagar desejando que a faca fosse
retirada do meu peito. Mas isso não aconteceu, como também não houve respostas.
Ao olhar para o lado, o menininho, o ser, o espírito, não sei o que era, mas
era do bem, já não estava mais ali.
Sumiu.
Sem deixar vestígios.
Ficara eu, a lua e toda a escuridão imensa demonstrando
tamanha solidão. Mas no meio da solidão tinha pontinhos brilhantes... lindos.
Não conseguia pensar em mais nada ao não na dor absurda que
sentia e de como estava perdida.
Estava afastada de tudo e todos, em outro planeta, e isso
era em parte bom. Não sabia o que fazer.
A dor era a falta. O sangue escorrendo era a falta, (a sua
falta). A ausência é a pior das dores.
Enquanto minha cabeça explodia repetindo incansavelmente a
frase: ‘absurdos, absurdos...eu te amo absurdos..” O meu vestido rosa começara
a ficar vermelho.
Meu coração sussurrou como se quisesse gritar: “Meu Deus,
meu Deus... Essa dor é de outro planeta!”
Frágil como uma pena...
Desmaiei.