terça-feira, 31 de julho de 2012

De outro planeta

Esses dias eu estava olhando minha vida passar pela janela do meu quarto,
Eu gostei de vê-la.  Apreciei os momentos bem. Soube aproveitar, até aqui.
Aqui onde dizem para mim: “Sua vida nem começou ainda!”
Não os culpo. Afinal, eles não sabem de mim.

Estou em outro planeta e um ser estranho veio ao meu encontro e sentou ao meu lado,
Fiquei parada, mas não com medo. Apesar de que, do planeta que eu vim, tenho medo de tudo. T-u-d-o.
Ele disse que me conhecia, que eu era a menininha. Começou a falar ao me respeito, e era verdade. Ele me conhecia bem.

Fomos juntos para a lua. Sentamos na beiradinha dela, eu fiquei balançando os pesinhos em um vai e vem constante, com a mão apoiada em meu rosto. Olhando as estrelas absurdamente incríveis e lindas.

O ser com suas anteninhas piscando ao meu lado disse: “Você conhece aqui. Sei que já vieram várias vezes aqui, não desse modo. Mas vieram.” E eu o compreendi, fiz um sinal positivo com a cabeça. Não queria falar nada.

“A sua dor, é daqui também – E é aqui que ela ficará quando voltar ao seu planeta.”

(Não! Eu sei que ela vai me acompanhar, pensei quase instantaneamente)

“Não fique assim minha menininha”

Sorri um sorriso triste. Posso ficar aqui para sempre?
“Não” – Ele sabe até dos meus pensamentos.

Eu não entendo. – as palavras saíram quase como um sussurro.

“Você não tem que entender, não tem que ficar tentando entender menininha!”

Eu não tenho que entender? Não era para as coisas serem assim. Mas aconteceram, e com nós. E de quem é a culpa? Minha? Eu queria poder voltar no tempo e ficar olhando o que aconteceu de olhos bem abertos! Eu quero mil explicações e das poucas que recebo nenhuma me parece lógica, e todo dia eu me pergunto: POR QUÊ? –

Explodi.

De repente estava girando, girando, girando e quando ia vomitar, cai.
Estava em casa, na sala. Pensei: voltei. Logo gritei para a minha mãe, mas não houve respostas. Comecei a ouvir um barulho, e esse barulho estava aumentando cada vez mais. Eram conversas, risadas, choros, tudo ao mesmo tempo! Comecei a correr loucamente e quando cheguei ao meu quarto, vi o que estava acontecendo.

O ser verde com anteninhas piscando estava sentado na minha cama, e o barulho aumentando. Gritei com as mãos tampando os ouvidos: QUE BARULHO É ESSE? PARA COM ISSO!!!

“Ouça menininha. Pegue as fotos. Veja sua vida.”

Então, parei e reparei. Todas as imagens contidas em todas as fotos do meu quarto estavam em movimento. Acontecendo o exato momento em que foram fotografadas. Além dos movimentos, é claro, as vozes.

Tentei pegar uma por uma, mas parecia que algo estava entrando no meu peito e me causando uma dor inimaginável, que mesmo sendo psicológica, conseguiu se tornar física.

Fechando meus olhos, comecei a chorar loucamente e senti meu corpo diminuir. De repente, quando voltei a abri-los, estava de volta na lua.

“Vou tornar a fazer isto quando souber que estaria pronta para sorrir se acontecesse de novo.”

Chorava agarrando as minhas pernas.

“Você não esta sozinha, eu vou te proteger menininha.” – as anteninhas sempre piscando.

Será que o problema da minha vida é o amor? O qual sempre louvei?

“O amor não é perfeito, mas de forma alguma é um problema. Nunca será”

Eu tenho mil perguntas. Eu estou perdida! O que eu faço agora? O que eu tenho que fazer? O que é o certo a fazer? Estou com tanto medo, e sozinha, desprotegida. Eu estou perdida, ME AJUDA, ME AJUDA!  Eu não tenho ninguém para me ajudar, eu não sou mais ninguém!!! Me ajuda! – Não percebi, mas estava gritando de olhos fechados com as mãos no cabelo. Parecendo uma louca, mas estava mesmo.

Então, abri os olhos devagar desejando que a faca fosse retirada do meu peito. Mas isso não aconteceu, como também não houve respostas. Ao olhar para o lado, o menininho, o ser, o espírito, não sei o que era, mas era do bem, já não estava mais ali.

Sumiu.

Sem deixar vestígios.

Ficara eu, a lua e toda a escuridão imensa demonstrando tamanha solidão. Mas no meio da solidão tinha pontinhos brilhantes... lindos.

Não conseguia pensar em mais nada ao não na dor absurda que sentia e de como estava perdida.

Estava afastada de tudo e todos, em outro planeta, e isso era em parte bom. Não sabia o que fazer.

A dor era a falta. O sangue escorrendo era a falta, (a sua falta). A ausência é a pior das dores.

Enquanto minha cabeça explodia repetindo incansavelmente a frase: ‘absurdos, absurdos...eu te amo absurdos..” O meu vestido rosa começara a ficar vermelho.

Meu coração sussurrou como se quisesse gritar: “Meu Deus, meu Deus... Essa dor é de outro planeta!”

Frágil como uma pena...

Desmaiei.






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